segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Atividade x Cérebro


Janete S. Mobley


No consultório recebemos crianças com diferentes patologias, disfunções ou algum tipo de dificuldade.

Toda atividade de que dispomos e utilizamos como recurso terapêutico, oferecem estímulos que chegam necessariamente ao cérebro através dos sentidos, resultando no que conhecemos como atividade cerebral.

Os estímulos externos atingem o cérebro através dos conhecidos cinco sentidos, audição, visão, olfato, tato e paladar.

Mas temos mais um sentido a propriocepção, um sentido que a maioria de nós desconhece. Propriocepção é a consciência da posição do corpo. É o sentido que faz com que nosso cérebro desenvolva um mapa interno do corpo e assim realizamos atividades sem precisar acompanhar visualmente o tempo todo.

É esse sentido que nos ajuda a:
  • manter uma posição adequada na cadeira;
  • segurar utensílios como uma colher, garfo e faca ou mesmo uma caneta;
  • calcular a pressão que devo usar para segurar um lápis, sem quebrá-lo ou para apertar um tubo de cola dosando a quantidade que preciso;
  • perceber meu corpo no espaço e também em relação aos outros objetos e assim se locomover sem esbarrar ou derrubar as coisas;
  • calcular com que força atiro num alvo como por exemplo uma bola no cesto, ou a bola no jogo de queimada.
Enfim, falamos sobre estímulos, sentidos e cérebro para dizer que o brincar e a brincadeiras oferecem estímulos que chegam ao cérebro através dos sentidos, promovendo o aprendizado.

O Terapeuta Ocupacional diante da disfunção apresentada pela criança analisa qual brinquedo ou brincadeira (leia-se atividade) deverá aplicar na sessão de terapia com o objetivo de desenvolver as habilidades motoras, perceptivas, sensoriais e cognitivas desejadas.

Esse sistema é ativado através de atividades como:
PUXAR/EMPURRAR/PULAR/SUSTENTAR/CARREGAR/TOCAR/APERTAR
  • Deixe a criança ajudar a carregar as compras, carregar o cesto de roupas sujas, levar o lixo para fora, arrancar o mato do jardim, abrir e fechar potes e latas;
  • Peça para a criança fechar os olhos e sentir onde estão suas pernas e braços. Peça para ela assumir diferentes posições no espaço ex: rolar, cruzar os braços,tocar o olho direito com a mão esquerda;
  • Brincar com massa de modelar ou argila, fazendo e modelando objetos, letras e números;
  • Usar esponja vegetal durante o banho, colocar pressão massageando pernas, braços, tronco e pescoço, pés e mãos.
Através dessas sugestões você poderá criar outras atividades com estas características proprioceptivas e usa-las de forma lúdica e divertida com a criança.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

A PRESENÇA PRECOCE DA TECNOLOGIA NA VIDA DAS CRIANÇAS

Sabemos como é difícil e complicado controlar o acesso aos smartphones e tablets no cotidiano de nossas crianças.
Porém, ao se deparar com os graves prejuízos causados pelo uso precoce dessas ferramentas, úteis para a vida adulta, você poderá, uma vez consciente, se motivar e criar estratégias para lidar com essa questão.
Alguns aspectos já estudados e comprovado cientificamente por dois grandes institutos, Sociedade Canadense de Pediatria e Sociedade e Academia Americana de Pediatria apontam uma lista volumosa de perigos, como:

1-Problemas no desenvolvimento cerebral (Uso de eletrônicos provoca diminuição do córtex cerebral, ou seja envelhecimento cerebral precoce)

2- Obesidade ( pela troca de atividades físicas saudáveis por sedentarismo e más posturas)

3-Problemas relacionado ao sono (a falta do sono noturno gera problemas de crescimento)

4-Problemas emocionais (depressão infantil, ansiedade,autismo, transtorno bipolar,psicose e comportamentos problemáticos como agressividade)

5- Demência digital ( aumento do deficit de atenção, concentração e memória)

Como Terapeuta Ocupacional gostaria de alertar para uma outra questão de suma importância no desenvolvimento das crianças até 12 anos. Estou me referindo ao:

NÃO  DESENVOLVIMENTO OU MESMO PERDA DAS HABILIDADES MOTORAS E FUNCIONAIS. (Globais ou especificas)

Na minha prática profissional encontro muitas crianças com 8,9, 10 anos de idade e que não sabem  pegar corretamente no lápis e caneta, não sabem usar a tesoura, não usam os talheres á mesa, não sobem, não pulam, não penteiam os próprios cabelos, não descascam uma fruta ou mesmo sabem organizar seus brinquedos e roupas. Enfim, crianças desfuncionais, dependentes nos afazeres da vida diária pois não aprenderam, não praticaram atividades que as preparassem para todas essas funcionalidades! Mas no videogame são "feras!!!

Assim o consultório fica cheio de crianças com toda ordem de problemas escolares, desde os cognitivos,emocionais até os de ordem motoras.

A Terapia Ocupacional através de atividades previamente analisadas e planejadas aborda com sucesso esses déficits, atendendo semanalmente essa criança e corrigindo posturas, hábitos, criando uma rotina saudável ou outra abordagem que se fizer necessária.
Mas a prevenção desses males é fundamental pois evitaria muitos dissabores e sofrimentos para essa criança que, sozinha não sabem fazer as escolhas apropriadas para seu desenvolvimento.
Essa é uma tarefa de pais, avós e professores, no dia a dia. Ou de um Terapeuta capacitado se os prejuízos já estiverem estabelecidos!

Sempre é tempo de se conscientizar e agir!

Boa sorte!

Fontes: Huffington Post Daily Mail Pediatrics AAP  PBS Teen Drug Rehabs
(c) TecMundo


Janete S. Mobley- Terapeuta Ocupacional


quarta-feira, 13 de junho de 2012


A Terapia Ocupacional no atendimento à criança

            A Terapia Ocupacional, segundo definição da Associação Americana de Terapia Ocupacional, é uma “profissão de saúde e reabilitação que ajuda o indivíduo a recuperar, desenvolver e construir habilidades que são importantes para sua independência funcional, saúde, segurança e integração social.” 
Terapeutas ocupacionais que trabalham com crianças buscam promover a participação ativa delas em atividades do cotidiano em determinada sociedade. Estas atividades incluem, entre outras, freqüentar a escola com as outras crianças, levantar da cama pela manhã e ir ao banheiro, tomar banho e vestir-se, conseguir alimentar-se sozinho, fazer a lição de casa e estudar para as provas, jogar futebol ou queimada no recreio com os colegas, andar de patins ou bicicleta, brincar com brinquedos e com amigos.
O trabalho dos terapeutas ocupacionais almeja ter um impacto no desempenho funcional da criança (p.ex., desenvolvendo habilidades específicas e incentivando independência), auxiliar e orientar os pais e familiares a lidar com a criança e suas incapacidades/dificuldades e ainda modificar o ambiente (p.ex., adaptando e indicando equipamentos e mobiliários). Estas mudanças ilustram três eixos principais que norteiam a intervenção terapêutica ocupacional com crianças: (1) promoção do desempenho ocupacional; (2) adaptação do ambiente; (3) integração social da criança.
A assistência da Terapia Ocupacional procura ressaltar as capacidades da criança, e não suas dificuldades. A Terapia Ocupacional considera a saúde em seu aspecto positivo, ou seja, não a partir da ausência de doença, mas como a possibilidade de ser no mundo e de estar em uma continuidade de existência, construindo uma trilha pessoal dentro de seu ambiente social e cultural.
O terapeuta ocupacional, ao utilizar-se da atividade do brincar, que é própria da criança, tem o propósito de conduzir à aprendizagem das habilidades pelas experiências novas e prazerosas, levando à curiosidade, à espontaneidade e à tomada de decisões. Além disso, deve-se considerar a busca da independência nas atividades de vida diária (higiene, alimentação, vestuário, etc.)
A ação do terapeuta ocupacional deve ser conjunta com a família e a escola, uma vez que elas são peças-chave no cotidiano das crianças.
“Na Terapia Ocupacional propomos experiências e facilitamos à criança vivê-las de modo completo, a partir das suas possibilidades, considerando sua deficiência e/ou incapacidades, com o propósito de facilitar a (re) organização do cotidiano para ser e fazer.” (Motta & Takatori, 2001)


Referências bibliográficas:
MANCINI, M.C. Ações da Terapia Ocupacional na criança com disfunção neurológica. In.: FONSECA, L.F.; PIANETTI, G.; XAVIER, C.C. Compêndio de Neurologia Infantil.Belo Horizonte: MEDSI, 2002. Cap. 76, p. 959-966.

MOTTA, M.P.; TAKATORI, M. A assistência em Terapia Ocupacional sob perspectiva do desenvolvimento da criança. In.: De CARLO, M.M.R.P.; BARTALOTTI, C.C. Terapia Ocupacional no Brasil: Fundamentos e perspectivas. São Paulo: Summus Editorial, 2001. Cap. 6, p. 117-136.


Esse texto foi uma colaboração e participação de:

Ana Amélia Cardoso
Terapeuta Ocupacional
Professora Adjunta - UFPR
Doutora em Ciências da Reabilitação - UFMG
"Tudo o que é grande e inspirador é criado pelo homem que trabalha em liberdade." (Albert Einstein)



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

CUIDADOS COM OS PORTADORES DE SEQUELA DO A.V.C. - HEMIPLEGIAS

Nos dias de hoje, indivíduos de qualquer idade podem ser acometidos pelo Acidente Vascular Cerebral, mais conhecido por "derrame". Atualmente também denominado Acidente Vascular Encefálico.

Fatores de risco mais conhecidos: Hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, Doenças cardíacas, Tabagismo, Elitismo, Obesidade, Enxaqueca, uso de anticoncepcionais, drogas simpático miméticas.

Após a fase aguda e de hospitalização, as pessoas com essa sequela, necessitarão de cuidados especiais na área de reabilitação.

O Terapeuta Ocupacional faz parte da equipe multidiciplinar que se ocupa de planejar e executar um programa de reabilitação através de terapias e orientações.

Esse profissional cuida de recuperar as funções essenciais, buscando o maior grau possível de independência nas atividades da vida diária e auto-cuidado tais como: alimentar-se, vestir/despir, higiene pessoal e tarefas domésticas do dia a dia etc.

Avalia a necessidade de adaptações para utensílios domésticos e de uso pessoal, residencial ou seja acessibilidade e funcionalidade nos diferentes cômodos da casa (Tecnologia Assistiva).

Acompanha e dá suporte em cada passo necessário para a reconquista da independência em todas as áreas de desempenho do indivíduo, seja no lar, no trabalho, na escola e no convívio social.

Janete S. Mobley

domingo, 16 de outubro de 2011

Janete entrevista Leandro Menna


Leandro, 25 anos, Designer, sócio proprietário da Brave Manswear, uma marca de roupas masculinas, onde ele é responsável por toda a identidade visual assim como do desenvolvimento de todas as peças.

Leandro frequentou semanalmente sessões de Terapia Ocupacional após receber o diagnóstico de um tipo de miopatia, e nos conta aqui um pouco dessa experiência.

Janete- Leandro, durante quanto tempo você freqüentou as sessões de Terapia Ocupacional?

Leandro- Comecei por volta dos 5 anos de idade e só dei uma parada agora em meados de 2010.
Isso totaliza mais ou menos uns 19 anos de trabalho nesse setor.

J- Na sua visão, qual a importância da T O no seu trabalho de conquistar e manter funções e grau de independência?

L- Tem uma importância tremenda na medida que além do treinamento em si, me mostrou as possibilidades de resolver situações funcionais e descobrir recursos que me ajudaram a prevenir movimentos e posturas indesejáveis. Foi muito útil essa visão principalmente durante minha vida escolar.

J- Você conserva as habilidades e treinamentos no dia a dia para manter sua independência no maior grau possível?

L- Sim, tenho em mente todas as posturas adequadas que devo adotar, principalmente no que diz respeito a tronco, membros superiores e mãos. Dá pra aprender muita coisa sem dúvida, agora utilizar no dia a dia só depende da gente.

J- Você acredita que sua experiência com a Terapia Ocupacional te ajudou na escolha de sua profissão?

L- Sem dúvida! Hoje olhando pra trás dá pra fazer a relação, ligar os pontos!

Não que tenha definido, mas como nesses anos todos realizamos vários projetos durante meu tratamento na TO, aconteceu que fui percebendo minha habilidade, o prazer que sentia em concluir bem cada trabalho que sempre envolvia um aspecto artístico. Tudo isso contribuiu no momento em que precisei optar por uma profissão.

Hoje percebo que sem essa vivência talvez eu não teria tido a noção do quanto eu tinha de capacidade e jeito para ser um designer.

J- Por fim Leandro, você indica essa modalidade de terapia para outras pessoas com dificuldades motoras?

L- Com certeza! É um tratamento fundamental para quem precisa. Possibilita que tenhamos uma vida mais independente e saudável.

Leandro apresentou seu TCC no último ano de sua formação na FACAMP no final de 2007 onde o tema está relacionado a Acessibilidade. Ele desenvolveu um acessório que facilita as pessoas que usam cadeira de rodas andar em terrenos acidentados. Fator importantíssimo para tornar realidade a inclusão do deficiente físico na vida social.

Quem quiser conhecer o TCC está disponível na biblioteca da FACAMP.

Obrigado Leandro por essa entrevista, foi um prazer ser sua terapeuta por todos esses anos e hoje tê-lo como amigo!

Janete S. Mobley









sexta-feira, 8 de julho de 2011

Tudo tem seu tempo

Como tudo na vida também nos processos de tratamentos precisamos entender que os resultados demandam tempo!

Essa lembrança vale tanto para os pais de pacientes, para o paciente já adulto como também para o profissional.

No mundo atual onde a tecnologia disponibiliza a informação num ritmo alucinante, fomenta a urgência e a pressa criando a ilusão de que podemos acelerar os acontecimentos segundo nossa vontade, na nossa prática clínica para tratar e recuperar as pessoas, nos deparamos com outra condição.

Fisiologicamente as respostas, sejam motoras ou cognitivas, seguem seu curso tranquilamente, respeitando outras leis, as leis naturais do organismo humano.

A nós profissionais cabe conhecer, avaliar e saber aplicar os recursos corretos e necessários para favorecer o desenvolvimento dos resultados desejados (sejam eles quais forem), orientar todos os envolvidos nesse processo e aguardar!

Sim, saber esperar o tempo para que os estímulos provoquem os efeitos desejados.

Uma criança com dificuldade em segurar corretamente o lápis, não terá letra bonita!

Primeiro iremos trabalhar para conseguir a correta preensão desse lápis, observando a postura que essa criança usa ao escrever, desde como se senta, como apoia os membros superiores, os pés, se estão apoiados, altura de mesa e cadeira, se faz compensações, como está cintura escapular e os ombros?

Verificados todos esses itens e após corrigi-los iremos fortalecer musculaturas de dedos e mãos, aplicar atividades de coordenação motora fina e global.

Quando suas estruturas musculares, articulares e posturais apresentarem mudanças positivas e essa criança começar a segurar corretamente no lápis, aí sim nossos objetivos também poderão avançar.

Agora poderemos almejar uma letra bonita! E usaremos para alcançar esse objetivo outras atividades, especificas para esse fim.

Usei esse exemplo simples para ilustrar, mas podemos estender para outras situações.

Parece algo simples e óbvio mas se faz necessário essa consideração pois existe muita pressa, muita urgência, e tudo isso são causas de sofrimentos adcionais.

As leis naturais que comandam a regeneração fisiológica do corpo humano não obedecem somente a nossa vontade. Que bom! O entendimento disso poderá nos tornar a todos, menos afoitos e mais pacientes.

Janete S. Mobley

sexta-feira, 1 de julho de 2011

CBN Saúde- 01/07/2011 - Terapia Ocupacional -Atuação no campo social

CBN Saúde - 01/07/2011 Terapia ocupacional: a atuação no campo social

A entrevistada é Janete Simonelli Mobley - Terapeuta Ocupacional

Ouça essa notícia em
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